“Monet à beira d ́água” é uma viagem pelas pinturas de Claude Monet. Uma viagem imaginária por 8 estações temáticas, com paisagens interligadas por rios, mares e lago, amarradas pela luz e cobertas pela passagem do tempo. É como a própria vida, em que cada fase se dissolve num só movimento … numa só impressão.
“Transformamos legado artístico em narrativa audiovisual”
Leo Rea Lé (Direção Geral)
A viagem de Monet inicia no vapor e segue pela água. Os trilhos que saem da Estação Saint-Lazare e o curso do Rio Sena, são dois caminhos paralelos na rota impressionista. À beira d´água, Monet observa paisagens e passagens para construir impressões.
Na rota das colheitas, Monet atravessa as plantações de cereais e de papoulas em busca do ciclo da vida à beira d´água. Nos campos, à luz do sol, pinta o trigo e as flores como se fossem obras do tempo. Colhe vento nos olhos dos moinhos e cores nas pétalas das tulipas.
Nas viagens de Monet, uma das rotas mais frequente é a trilha do mar. É lá que ele vê o sol nascer e batiza a “impressão” com água e luz. É lá que deixa seu epitáfio: “quando eu morrer quero ser enterrado numa boia”. O pintor observa o sol afundar nas águas e o farol se levantar à sombra da noite, esperando o novo dia chegar.
Percorrendo os caminhos brancos para ver os efeitos de luz nas diversas faces do inverno, Monet segue o Sena congelado. No inverno o tempo é frio e a água é dura. Monet pinta estradas nevadas e nevoeiros sobre a lâmina do rio, seguindo em busca da paisagem transformada pelo tempo, das “impressões dos efeitos mais fugazes”.
De passagem por Giverny, Monet para e constrói um lago para chamar de lar. Planta água para colher os reflexos da luz e flores para imprimir os passos do tempo. Em Giverny, o pintor faz uma jornada dentro de seu próprio jardim, seguindo os reflexos de luz que cintilam na lâmina d´água, e as ninfeias flutuando em busca da “aparência que muda a cada momento com os reflexos do céu”.
Caminhando pelas margens de rios e mares, Monet também pinta as metamorfoses da pedra. “Tudo muda”, dizia ele. As construções trocam de pele nos ciclos do dia e das estações, como as plantações de trigo que ficam manchadas pelas cores da aurora e do crepúsculo. Nessas paisagens, Monet pinta o tempo como uma pedra de luz. A vida é uma impressão do tempo que passa…
Em busca da luz que alimenta a casca da natureza, Monet segue as trilhas silvestres e os passeios dos jardins. Segue seu destino pelos caminhos de terra perseguindo “o silêncio colorido”, colhendo as impressões do tempo que se vai como a água de um rio que corre. A vida é uma viagem sem volta.
A vida pode ser explicada por uma flor, e a pintura de Monet pode ser vista como uma onda de tinta. Caminhando à beira d´água, Monet deixa sua pintura florescer e sopra um pedido: “Eu gostaria de pintar como os pássaros cantam”. Se a flor é a imagem da vida passageira, a pintura é seu vestígio: a pegada do tempo que seca e forma pétalas de luz. A vida, como a ninfeia, é “um instante do mundo” (Bachelard).