OFICINA
Ressignificando Paisagens
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Descrição

A oficina se propõe a desenvolver duas habilidades fundamentais: o reconhecimento das diferentes camadas que compõem uma paisagem (visível, sonora, olfativa, movimentos, afetos, tempos…) e a observação cuidadosa de paisagens na busca pela ressignificação das “paisagens do cotidiano”.

 

Tema

Território

Áreas de conhecimento

Ciências Humanas, Linguagens

Nível

EF - Anos finais

Tempo para prática

4 aulas de 50 min.

Material necessário

Materiais: a maior quantidade possível de materiais reutilizáveis que possam ser úteis para as caixas: exemplo:
● caixas de sapato;
● cola branca,
● cola colorida,
● caneta esferográfica ( canetinha ),
● barbantes,
● lãs coloridas,
● tesouras,
● jornal,
● revistas,
● pincel,
● lápis de cor,
● papéis coloridos,
● papelão,
● tinta guache,
● rolinho de papel higiênico,
● caixa de leite,
● embalagens de produtos de limpeza ( sabão em pó, cândida, cola, shampoo etc..),
● canudinhos.

Organização do espaço: cada etapa do desenvolvimento da oficina necessita de uma organização diferente. Ver orientações específicas no “passo a passo”.

Roteiro passo a passo

Embarque

Esta etapa está subdividida em dois momentos. O objetivo é propor um exercício de concentração e de sensibilização às múltiplas possibilidades que o trabalho com paisagens pode gerar. Iniciamos com uma sensibilização de livre-associação em relação às paisagens e em seguida propomos uma reflexão sobre uma canção.

 

Momento 1 – Exercício desvendando uma paisagem


1. O mediador projeta o quadro Le pont de chemin der fer à Argenteuil (disponível em https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Claude_Monet_-_Le_pont_de_chemin_der_fer_%C3%A0_Argenteuil.jpg) e pede para os estudantes o observarem por um tempo (aproximadamente 2 minutos), reconhecendo seus elementos principais.


2. Em seguida, o mediador deve guiar uma dinâmica na qual os estudantes mentalizam esta paisagem e fecham os olhos para vivenciarem a seguinte proposta:
(Os comandos devem ser feitos de forma espaçada, dando tempo para que os estudantes vivenciem cada uma das etapas de forma aprofundada):

a. Mentalizem do quadro que acabamos de ver. Não se preocupem caso não se recordem de todos os detalhes.
b. Mentalize novamente os seus elementos.
c. Insira movimentos nesta paisagem. Acelere e reduza a velocidade deste movimento. Brinque com o tempo.
d. Retire a parte visível da paisagem. O que sobra?
e. Insira/retire os sons.
f. Insira/retire os cheiros.
g. Projete a temperatura ambiente desta cena.
h. Projete seu olhar como se você fosse um dos dois homens que estão conversando à margem do rio.
i. Imagine que você está dentro do trem. Que paisagem você vê pela janela?
j. Localize os elementos naturais e os elementos sociais que compõem esta paisagem;
k. Se aproxime de algum objeto
l. Se afaste deste objeto e volte à posição original da observação
m. Se afaste desta posição e vá se distanciando cada vez mais desta paisagem até que ela vire um ponto indistinguível.
n. Abra os olhos e compartilhem suas sensações com este exercício.

 

Momento 2 – conversa sobre a canção “O bonde”


3. Após o exercício de mentalização de paisagens, o mediador deve conduzir uma atividade na qual os estudantes escutam e conversam sobre uma mesma paisagem; neste caso descrita na canção “O bonde” do compositor maranhense Papete (ver obs 1, na próxima linha da tabela). Roteiro para condução deste momento:

a) Peça para que os alunos organizem uma roda
b) Reproduza a canção e peça para que os estudantes escutem com atenção, de preferência acompanhando a letra.

Link para reprodução: https://www.youtube.com/watch?v=2wS8Io39TI8.


4. Após o término da canção, proponha uma conversa com os estudantes passando pelos seguintes pontos:

a. Qual história a canção nos conta?
b. Por que a paisagem da cidade está se transformando?
c. Como se sentem os moradores desta cidade frente às transformações?
d. Você conhece alguma transformação relacionada aos meios de transporte no município onde vivem?

 

Obs: A canção a ser trabalhada nesta etapa pode ser escolhida pelo/a professor/a da escola levando em conta o repertório dos estudantes. O importante é que, assim como a canção O bonde, a letra conte a história de uma paisagem em transformação e, em especial, sobre o sentimento das pessoas em relação a estas transformações. Como planejamento prévio, o educador deve roteirizar algumas questões sobre a canção para conduzir a atividade com os estudantes. Algumas outras sugestões:

– Triste Berrante (Adauto Santos)
– Tradição (Geraldo Filme)
– Meu Lugar (Arlindo Cruz)
– Sobradinho (Sá e Guarabyra)

Imersão

Nesta etapa convidamos os estudantes a darem uma volta pelo quarteirão da escola para coletar suas impressões. Para isso, é importante fazer uma preparação e dar algumas orientações para guiar a saída:

Preparação – Mentalizando o quarteirão da escola


1. Assim como fizemos na etapa anterior, onde os estudantes mentalizaram paisagens, iremos propor o mesmo exercício, mas desta vez com a paisagem do entorno da escola. O mediador deve explicar como vai funcionar a atividade e entregar uma caixa de fósforo vazia para cada estudante. Esta caixa servirá como “guia” à volta imaginária ao quarteirão.
Deve-se explicar aos estudantes que o exercício pressupõe que mentalizem a volta ao quarteirão e que cada aresta da tampa da caixa de fósforo estará representando uma rua desta quadra, portanto eles devem realizar a atividade passando o polegar por estas arestas respeitando os momentos de dobrar a esquina (conduzidos pelo mediador).

 
2. Peça para os estudantes fecharem os olhos e mentalizarem a rua da escola a partir do portão de entrada. Os alunos devem escolher um ponto da caixa de fósforo para representar este lugar. Ainda de olhos fechados os estudantes devem seguir as orientações abaixo:

a. Caminhem para a esquerda em direção à esquina.
b. Quais são as cores predominantes?
c. Tente mentalizar os cheiros, sons e os movimentos
d. Quanto tempo dura para caminhar até esta esquina? É subida, descida ou reto?
e. Como está a conservação da calçada?
f. Tem alguma pessoa que você sempre encontra nesta parte do quarteirão.
g. Quantas árvores existem? Como elas são?
h. Há grafites, pichações, lambe-lambe nos postes?
i. Como são as fiações?
j. Há local para escoamento de água?
k. O que você mais gosta neste percurso?

 

3. O mediador deve ir conduzindo esta volta ao quarteirão a partir destas e outras questões que podem ir surgindo no decorrer da experiência. A cada intervalo de tempo o mediador deve pedir para que todos cheguem à equina e assim sucessivamente até retornarem à escola.

 

Momento 2 – Saída pelo quarteirão


4. Após o exercício de mentalização, o mediador deve explicar que o grupo irá vivenciar a volta ao quarteirão. É importante conversar com a direção da escola para organizar todas as medidas de segurança necessárias. O mediador deve solicitar que os alunos relembrem os três exercícios já feitos em relação a paisagem e que vão à saída em busca da maior quantidade de elementos da paisagem possíveis (sons, cheiro, cores, movimentos, pessoas, árvores, sinalizações, intervenções urbanas, tamanhos das construções…) e que devem escolher algo que mais tenham lhes chamado a atenção nesta saída para poderem representá-la quando regressarem.

Criação

1. Após a volta ao quarteirão, solicitamos que os estudantes registrem suas impressões produzindo nas caixas de sapato o que mais lhe chamou a atenção na volta ao quarteirão.

 

2. Peça previamente para que os estudantes tragam materiais para a montagem das caixas. Importante auxilia-los a escolher um “recorte” da paisagem para representar. Faça uma retomada do percurso vivido à volta do quarteirão da escola e resgate o que mais lhes chamou a atenção. A partir disso, é possível que os estudantes façam as escolhas do que desejam representar nas caixas. Utilizando os materiais disponíveis nas mesas que os ajude a representar suas “ paisagens” Veja alguns exemplos possíveis utilizando materiais simples e reaproveitáveis.

 

 

 

Impressão e desembarque

1. Após a produção das caixas e representações da paisagem é importante que o professor organize uma roda de conversa para que os estudantes possam trocar suas experiências vividas durante o percurso proposto. Algumas perguntas que podem nortear a conversa:

a. Qual foi o seu maior aprendizado com esta oficina?
b. O que mudou na forma como você vê novas paisagens?
c. Qual foi o maior desafio enfrentado nesta oficina?
d. Escolha o trabalho de um colega que mais tenha lhe chamado a atenção e comente brevemente suas impressões

Outros destinos e possibilidades

Alguns projetos que podem se desenvolver a partir desta oficina:

1. Proposta de intervenção no quarteirão da escola
2. Discussão sobre mudanças e permanências na paisagem
3. Paisagens do futuro: quais transformações podem ocorrer no quarteirão da escola?
4. Entrevista com moradores antigos do bairro para investigar as transformações pelas quais o quarteirão da escola passou.

Referências

BACHELARD, G. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1998
Cartografias afetivas: mapas em movimento (site progr
ama Itaú Cultural UNICEF). https://programaitausocialunicef.cenpec.org.br/noticia/cartografias-afetivas-mapas-em-movimento/
CLAVAL, Paul A Paisagem dos Geógrafos. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny (Org.). Paisagens, Textos e Identidade Rio de Janeiro: UERJ, 2004. p. 13-75. (Geografia Cultural

CORRÊA, R. L. ROSENDAHL, Zeny, Paisagem, Textos e Identidade: Uma apresentação. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny (Org.). Paisagens, Textos e Identidade. Rio de Janeiro: UERJ, 2004. p. 7-13. (Geografia Cultural)

COSGROVE, D. A Geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. (org.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998. p. 92 – 123

Das Rad (animação) – https://www.youtube.com/watch?v=KumHnZL2SQg.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009

Mapeamento Afetivo: como transformar o espaço público em uma comunidade (Site educação e território): https://educacaoeterritorio.org.br/metodologias/mapeamento-afetivo-como-transformar-o-espacos-publico-em-comunidade/
SANTOS, Milton Técnica, Espaço, Tempo – Globalização e Meio Técnico-Científico-Informacional 3. ed. São Paulo: EDUSP, 1997

SAUER, Carl. Geografia Cultural. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny (Org.). Introdução à Geografia Cultural 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p. 19-26

SAWAIA, B. B. O calor do lugar, segregação urbana e identidade. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 20-24, 1995. Disponível em: http://produtos.seade.gov.br/ produtos/spp/v09n02/v09n02_04.pdf


BUENO BUORO, Anamelia. O olhar em construção: Uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. 5.ed. Rio de Janeiro: Cortez editora

Barbosa, Ana Mae. Teoria e prática da educação artística. São Paulo, Cultrix, 1975.

Argan, Giulio. Arte Moderna. Trad. D. Bottmann e F. Carotti. São Paulo, Cia das letras, 1992.

DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho. São Paulo, Scipione,1989

BNCC

COMPETÊNCIAS GERAIS

– Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.


COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

Arte:

– Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.


Geo:

– Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da Geografia.


Hist:

– Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica



HABILIDADES ESPECÍFICAS


Arte:

(EF15AR04)


Geo:

(EF02GE08)


Hist:

(EF01HI04)